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09/11/2022 às 20h10min - Atualizada em 10/11/2022 às 00h00min

Comunidade quilombola atualiza tradição centenária para entrar no mercado de decoração

Por meio do design, trançado com a palha de ouricuri ganha espaço em projetos de decor

SALA DA NOTÍCIA Angelo Miguel - Bacuri Comunicação
Diego Disouza e Manu Oristânio

Localizado às margens do Rio Brito, no município de Pirambu, em Sergipe, o Povoado Quilombola de Alagamar mantém uma tradição secular com o trançado da palha de ouricuri. O contato com o design permitiu a renovação de seu portfólio, com produtos mais alinhados ao mercado, mas mantendo a identidade e as técnicas repassadas de geração a geração. “Somos felizes por poder viver de acordo com as tradições que aprendemos com nossos antepassados”, revela a agricultora e artesã Doralice Santos Hora.

 

Segundo Doralice, por lá, o trançado começou por uma necessidade. A palha, retirada à mão da palmeira típica da caatinga, era usada majoritariamente para produzir tapetes, cestos e chapéus para uso próprio que serviam para ajudar na proteção de pescadores e trabalhadores do campo durante as longas horas de exposição ao sol. Mais tarde, houve a percepção de que aquele produto poderia se transformar em uma fonte de renda.


Em 2019, as peças tradicionais chamaram a atenção da diretora criativa do Estúdio Avelós, Zizi Carderari, que idealizou e coordenou o Projeto Sertões, que mapeava as técnicas e tradições artesanais espalhadas por diversos estados como Alagoas, Pernambuco e Sergipe. “Quando eu vi aquele trabalho, enxerguei um potencial que poderia ser desenvolvido e, com pequenos ajustes, seria possível trazer sofisticação às peças e inseri-las em um mercado que cada vez mais anseia por produtos feitos à mão”, afirma Zizi. 

Com apoio do Instituto Banese, em conjunto com os artesãos, Zizi utilizou o design para criar uma linha de utensílios de cozinha, bolsas e cestos com tamanhos e formatos diversos, trazendo versatilidade no uso das peças. “A depender do tamanho e da criatividade, alguns cestos podem ser usados como cachepôs, organizadores em prateleiras, cestos para roupas e sapatos, para guardar brinquedos, entre outros usos”, completa. 


Boleira e Cesto - Fotos Manu Oristânio

A estratégia deu certo e aumentou o número de pedidos, o que atraiu os homens da comunidade - maridos e filhos - que, até então, se dedicavam exclusivamente a outras atividades como a pesca e a agricultura. “Antes eles só ajudavam na retirada e no transporte da palha com fardos que chegam a pesar até 40kg, mas recentemente, eles começaram a trançar também, o que possibilitou um aumento de renda de cerca de 50%  em algumas casas da comunidade”, afirma Doralice.

Cestos que misturam a palha com o algodão - Foto Diego Disouza

Além dos formatos, uma das propostas de Zizi foi a mistura de materiais. Em alguns dos cestos a palha se mistura com o algodão em tranças de barbantes nas cores branco, preto e azul marinho. Também foram incluídas algumas alças, que além da função utilitária para ajudar a carregá-los, contribuem de forma estética, trazendo sofisticação às peças que podem ser encontradas no Estúdio Avelós


 


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