Este é o caso de nomes como Da Vitória (PP) e Evair de Melo (PP). Em 2018, os dois parlamentares, reeleitos para a Câmara dos Deputados nas Eleições 2022, apresentaram documentação que os categorizavam como brancos.
Outro exemplo é o do vereador de Vitória Gilvan da Federal (PL), que no último domingo foi eleito para a Câmara dos Deputados. Quando disputou o Legislativo da Capital, em 2020, Gilvan havia se declarado branco; já em 2022, ele disse ser pardo.
As informações declaradas pelos candidatos podem ser consultadas por meio "DivulgaCand", plataforma da Justiça Eleitoral, responsável por armazenar e disponibilizar informações referentes às candidaturas nos estados e também no País.
A mudança na declaração de cor/raça dos candidatos eleitos coincide com a aprovação, em 2021, no Congresso nacional, de uma medida que determina o aumento da quantidade de verba para partidos com candidatos negros (pardos e pretos) que tiveram mais votos para deputados.
Na prática, os votos dedicados a esses candidatos passam a contar em dobro na hora de calcular a distribuição dos recursos dos fundos Partidário e Eleitoral.
A reportagem procurou os deputados eleitos para entender os motivos pelos quais houve alteração em suas autodeclarações de cor/raça.
Por meio de assessoria, Da Vitória disse apenas que a classificação como "pardo" segue o indicado em sua certidão de nascimento.
Já Evair e Gilvan não atenderam as ligações e nem retornaram aos contatos feitos até a tarde desta quinta-feira. O espaço segue aberto caso os eleitos queiram se posicionar sobre a mudança na indicação de cor/raça na candidatura.
Para o coordenador do Centro de Estudo da Cultura Negra no Espírito Santo (Cecum), Luiz Carlos Oliveira, em caso de comprovação, o uso do sistema de cotas para participação de negros na política por parte de candidatos anteriormente declarados brancos tende a deslegitimar outras lutas a população negra e parda no País.