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04/05/2015 às 18h49min - Atualizada em 04/05/2015 às 18h49min

Máfia do Guincho: Pátios do Detran arrecadam mais de R$ 11 milhões no Estado

Conforme o que foi dito em entrevista ao Folha Vitória, o diretor-geral do Detran informou na CPI que os guinchos são de responsabilidades dos pátios, que são contratados, por licitação

Folha Vitória
Fabiano Contarato apresenta documentos durante depoimento na CPI dos Guinchos (Foto: Divulgação/Assembleia)

Os números apresentados pelo diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito, Fabiano Contarato, na primeira reunião da CPI dos Guichos apontam para uma possível existência de empresas que se beneficiam com a exploração de guinchos e pátios de estacionamentos no Espírito Santo. A arrecadação estadual chega a R$ 11 milhões. Só os municípios de Vila Velha, Serra e Cariacica somam, juntos, cerca de R$ 4 milhões.

Durante seu depoimento na Comissão, Contarato explicou que até 2011 a lei estabelecia dois tipos de taxas para remoção de veículos. Ele explicou que a Assembleia, em 2012, aprovou lei revisora e modificou a tabela, estabelecendo valores desproporcionais.

“Ao invés das duas taxas que vigoravam até então, passamos a ter 12 taxas”, apontou Fabiano Contarato.  

Ainda em seu depoimento, o diretor-geral explicou que a lei estabeleceu taxas a serem aplicadas na remoção de veículos acrescidos de um valor a ser cobrado por quilômetro rodado. Mas Contarato alertou que a lei não definiu a partir de quando a cobrança adicional deveria ser iniciada.

“Não podemos deixar na mão das pessoas esse livre arbítrio de contar a quilometragem. Precisamos normatizar essa questão. Sugiro que seja estudada uma isenção de, por exemplo, 30 a 50 km para remoção”, alertou.

Antes mesmo da instalação da CPI dos Guinchos, o presidente da comissão, deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), informou que recebeu denúncias sobre a atuação de tais veículos. Para tanto, foi criado um e-mail para que as denúncias sejam encaminhadas. [email protected].

Conforme já tinha dito em entrevista ao jornal Folha Vitória, o diretor-geral do Detran informou na CPI que os guinchos são de responsabilidades dos pátios. Apenas os pátios são contratados, por licitação, pelo órgão. O Detran conta atualmente com 15 pátios credenciados. 

Para o presidente da CPI, Enivaldo dos Anjos, o depoimento do diretor-geral do Detran, Fabiano Contarato, confirma a existência de um esquema que prejudica os motoristas. “O esquema é abusivo, caracterizando a formação de algo que se assemelha com a atuação de uma máfia”, avaliou o deputado.

E completou: “Ora, se esse negócio é tão rentável, o que queremos saber é por que ele tem que ser terceirizado, em vez de ser executado pelo próprio Detran. São mais de R$ 11 milhões por ano destinados aos pátios de estacionamento de carros apreendidos e esse dinheiro não é revertido em nenhuma melhoria pública, mas vai para o bolso de particulares”.

Enivaldo explicou que tem em mãos informações que poderão elucidar um “enigma”. “Recebemos os documentos necessários para iniciarmos as investigações para elucidar esse enigma, porque a população se sente extorquida e não sabe a quem recorrer”, disse Enivaldo dos Anjos.

O diretor do Detran deu declarações contundentes contrárias ao atual esquema de cobrança por guinchos e pátios e encaminhou à CPI a proposta de isentar de cobrança dos guinchos para veículos veículos recolhidos a distância dos pátios a ser definida entre 40 e 50km, bem como de fracionamento das horas de pátio.

“Hoje, o consumidor paga o menor período de 12 horas, mas o diretor concorda, e nós também, que as pessoas devem pagar o pátio por tempo de utilização, sem período mínimo”, disse Enivaldo.

Os parlamentares Enivaldo dos Anjos, Marcelo Santos (PMDB - vice-presidente da CPI), Janete de Sá (PMN - relatora da CPI), Raquel Lessa (SD) e Marcos Bruno (PRTB), que compõem a comissão, receberam a visita dos deputados Erick Musso (PP) e Dary Pagung (PRP).

Encerrada a reunião da comissão, o deputado Enivaldo dos Anjos encaminhou várias perguntas a serem respondidas por escrito por Fabiano Contarato. As perguntas tinham relação com contratos e serviços prestados pela empresas administradoras de pátios.

Por fim, a CPI dos Guinchos deliberou pela convocação do comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito da Polícia Militar, tenente-coronel Marcelo Rangel.


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