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31/10/2019 às 09h28min - Atualizada em 31/10/2019 às 09h28min

Bivar diz que - nem passa pela cabeça - expulsar Bolsonaro do PSL e que decisão cabe ao presidente

Globo News

O presidente do PSL, Luciano Bivar, afirmou em entrevista ao programa Em Foco, da GloboNews, que "nem passa pela cabeça" expulsar o presidente Jair Bolsonaro do partido. E acrescentou que uma eventual decisão sobre sair cabe a Bolsonaro. A entrevista vai ao ar na próxima quarta-feira (6), às 21h.

A crise no partido se agravou em 8 de outubro, quando Bolsonaro disse a um apoiador para "esquecer" o PSL, acrescentando que Bivar está "queimado para caramba".

Depois disso, o presidente da República passou a defender a "abertura da caixa-preta" nas contas do partido e passou a dizer que pode ser um "presidente sem partido".

Ao ser questionado se há a possibilidade de expulsar Bolsonaro do partido, Bivar declarou:

"Não. Eu acho que seria uma violência e é muito ruim para o país. Isso nem passa pela cabeça porque ele é o presidente, é meu presidente, é seu presidente. Eu acho que tem que se ter um respeito à liturgia, por mais terrível que seja."

Nesta quarta (30), Bolsonaro e mais 23 parlamentares pediram ao Tribunal Superior Eleitoral para bloquear repasses do fundo partidário ao PSL. O grupo também pediu ao TSE para determinar o afastamento de Luciano Bivar da presidência da legenda.

Desde que a crise no PSL se agravou, as alas ligadas a Bolsonaro e a Bivar passaram a disputar a liderança da legenda na Câmara.

O grupo ligado ao presidente da República conseguiu colocar no posto o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, destituindo Delegado Waldir (PSL-GO).

A gravação de Bivar foi terça-feira, um dia antes de o presidente pedir o bloqueio das contas do PSL.

Nesta quinta-feira (31), o blog procurou a assessoria de Bivar para saber se ele queria comentar o fato novo.

A assessoria do parlamentar disse que o jurídico deve responder, e que Bivar mantém todas as suas declarações ao programa "Em Foco".

A entrevista

Leia abaixo alguns trechos da entrevista de Bivar à GloboNews:

Em Foco: O presidente disse pra esquecer o PSL, que o senhor estava queimado. Primeira coisa: o que o senhor pensou quando o presidente falou aquilo?

Bivar: Olha, foi uma facada no coração. Como eu falei, um entristecimento enorme porque eu sempre me dei, me doei, eu tenho amigos empresários, amigos de toda ordem, que sempre contrariam os discursos dele, pela rejeição ao Bolsonaro. E hoje eu não digo 'mas', me cria um certo constrangimento eu falar com alguns amigos e "Olha, Luciano, você tanto tempo falou isso", mas agora pelo menos eu fico quieto, porque eu não sei [...] Mas daqui a pouco isso passa. Esse meu programa, quando você rodar daqui a 6 meses, vai estar vencido. É assim a vida.

Em Foco: O senhor conversou com o presidente depois do começo da crise?

Bivar: Não, não conversei mais com ele.

Em Foco: Mas o Flávio falou com o senhor?

Bivar: O Flávio falou com uma pessoa amiga minha, dizendo que gostaria de conversar comigo, foi num momento que eu viajei, e nesse momento a temperatura subiu entre os partidários do Waldir e os não partidários do Waldir, e aí ficou um ambiente mais difícil de diálogo. Mas a gente sempre está pronto para conversar.

Em Foco: O senhor toparia conversar com presidente?

Bivar: Claro, claro!

Em Foco: Mas existe espaço para o senhor e para o presidente no PSL, hoje?

Bivar: Hoje está uma coisa bem definida. Você tem hoje um conservadorismo radical.

Em Foco: Dentro do partido, o senhor diz isso?

Bivar: Dentro do partido. E você tem um liberalismo que não é de hoje, acho que vem desde a época de Locke, de Rousseau, do iluminismo. Isso foi o que sempre eu defendi. Então, essas duas correntes ideológicas, hoje, eu acho que dificilmente elas podem viver sob o mesmo teto. Ficou bem definido isso, é uma coisa ideologizada. Hoje, o liberalismo é diferente do conservadorismo radical.

Em Foco: Mas já que não tem espaço para os dois, o senhor não sai, quem teria de sair é o presidente, é isso?

Bivar: Não, não é sair, eu acho que como o presidente falou, cada um tem que ter seus caminhos já definidos. Eu acho que quero dizer ao povo brasileiro que existe um partido liberal, vamos propugnar as mesmas coisas que propugnávamos há 20 anos. Por uma economia de mercado, pela diminuição do estado, pela desestatização.

Em Foco: O presidente gosta de usar metáforas de casamento: hoje, o senhor e o presidente estão se separando, dá pra fazer uma terapia de casal ou já está num litígio?

Bivar: Olha, porque isso não é coisa fulanizada. Porque o partido hoje ficou maior que eu, muito maior. Se no passado eu tinha uma influência, agora eu não tenho, você tem uma bancada inteira que tem que decidir, há um colegiado. Como o próprio presidente também ouve muito seus conselheiros. O presidente talvez possa até dizer "o partido sou eu", eu não posso dizer. Já não é meu, eu não tenho nenhum sentimento de Luiz XIV. O partido é daquele sentimento, daqueles deputados que hoje são convencionais do partido. Então, para te falar isso, que há essa possibilidade, tem que passar, pelo menos por mim, por essa bancada.

Em Foco: Essa possibilidade de expulsar o presidente, por exemplo?

Bivar: Não. Eu acho que seria uma violência e é muito ruim para o país. Isso nem passa pela cabeça porque ele é o presidente, é meu presidente, é seu presidente. Eu acho que tem que se ter um respeito à liturgia. Por mais terrível que seja.

Em Foco: Ou seja, se ele quiser, ele que sair, em outras palavras?

Bivar: É uma coisa subjetiva dele, mas você tem.... acho que Ana Bolena incendiando na fogueira ela diz "Deus salve a rainha", entendeu? Deus salve o rei. Eu sou muito ruim de história, eu acho que, mesmo com tudo, você tem de respeitar o presidente da República.

 


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