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04/01/2018 às 10h35min - Atualizada em 04/01/2018 às 10h35min

Cansado dos políticos? Especialistas explicam como se candidatar

Vistos com desconfiança, partidos políticos ainda são obrigatórios em eleições

Gazeta Online

 

Imaginemos que uma pessoa muito bem intencionada resolva se colocar "contra tudo isso que aí está" e se lançar na corrida para disputar um cargo nas eleições de 2018. Essa pessoa nunca participou da política partidária e tem um desafio: escolher uma legenda à qual se filiar. Por onde começar?

Para o cientista político Antonio Mazzeo, esse início já pode estar um pouco atrasado. "Se alguém quer fazer política, precisa começar a fazer política", resumiu. "Alguém que nunca fez nada não pode se dizer candidato só porque deu vontade. Quer ser candidato por quê? Para quê? Qual o capital político que essa pessoa tem? Tem vínculo com algum movimento social? Com o bairro?", questionou Mazzeo.

Pode ser que nossa pessoa imaginária tenha algum desses vínculos, mas ainda resta a dúvida sobre o partido. "Para escolher um partido é o mesmo processo de escolher um candidato. Tem que olhar a vida pregressa do partido, se tem membros envolvidos em corrupção, como esse partido vota e se você tem afinidade com a sigla", disse o codiretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Luciano Santos.

Mas de que ideologia estamos falando? Os partidos não são todos iguais na cabeça do eleitor e, porque não, do nosso virtual pré-candidato? "Em Porto Alegre (RS), nas duas últimas eleições, os candidatos Manoela D’Ávila (PCdoB) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB) apresentaram propostas muito parecidas. Como pode isso, sendo eles de partidos, em tese, tão diferentes?", lembra a estrategista do movimento Renova BR Flávia Moreira.

"Parece que todos são iguais, mas não são. Se a pessoa tem uma perspectiva mais à esquerda, tem o PT ou, à esquerda do PT, o PSOL. Se quiser um partido de centro tem o PPS ou PSDB ou, se for de direita, o DEM. Claro que isso só vale se o candidato tiver realmente valores, como ser mais liberal ou menos liberal", afirmou Mazzeo.

Cursinho

O Renova BR, financiado por empresários, quer, como o nome do movimento indica, nomes novos na política. Por isso, o Renova oferece cursos, uma espécie de bolsa de estudos, a quem queira participar da política mais ativamente. "O Brasil tem renovação de 40% no Congresso, mas é sempre de pessoas que estão ligadas a políticos, é renovação de nomes mas não de práticas", afirmou Flavia Moreira.

Entre os selecionados pelo Renova BR no Espírito Santo estão o secretário do de Estado da Agricultura, Octaciano Neto (PSDB), e o secretário, também de Agricultura, da Prefeitura da Serra, Gustavo de Biase (Rede).
O Supremo Tribunal Federal (STF) – sempre ele – ainda tem que se debruçar sobre o tema, mas hoje, no Brasil, quem quiser ser candidato a um cargo eletivo deve se filiar a um partido. Essa não é a regra em todos os países.

"Os Estados Unidos têm candidatura avulsa. Mas nunca elegeu nenhum candidato para cargos importantes, de expressão, dessa forma", lembra o codiretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral Luciano Santos.

"Pessoalmente, eu não sou contra. Mas a candidatura avulsa tem dois lados: facilita novas pessoas na política mas favorece políticos individualistas que têm recursos financeiros e não querem responder a nenhum grupo", pontuou Santos.

Levantamento realizado pelo Ace Project, uma organização sem fins lucrativos, mapeou 224 países e constatou que apenas 21 proíbem candidaturas avulsas. Elas não são, no entanto, permitidas para todos os cargos em todos esses lugares. E, às vezes, os candidatos independentes precisam obter um número mínimo de assinaturas para poderem concorrer, além de terem acesso restrito ao tempo de propaganda de TV e rádio.

Assim, a vida dos chamados "outsiders" pode não ser tão fácil. Há, é claro, aqueles que dizem ser "de fora", mas não são. "O João Doria, prefeito de São Paulo, é um exemplo. Fez um discurso de outsider, mas já era ligado à política, o pai dele era político e o Doria foi lançado pelo Alckmin, um político tradicional", destacou o cientista político Antônio Carlos Mazzeo.


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