Já considerado fato irreversível pelos poucos governistas restantes, o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), em votação hoje no Senado, será debatido com duros discursos dos parlamentares. Os capixabas Ricardo Ferraço (PSDB) e Magno Malta (PR), que um dia já foram aliados do PT e do governo, não abrirão mão de discursar dando adeus à era PT no poder.
“Minha expectativa é que o processo de votação comece e termine nesta quarta (hoje) mesmo, porque o país não aguenta mais tanta exposição, não suporta tanta indefinição, a ponto de enfrentar decisões do nível da de Waldir Maranhão (presidente interino da Câmara) que expõem o Brasil ao ridículo”, disse Ferraço.
Já Magno promete um discurso do “pós-impeachment”, frisando que os êxitos não livram o governo de pagar pelos “crimes” cometidos. “Não vou desmerecer o que houve de bom com Dilma e Lula, mas eles não estão autorizados a ficar acima da lei e se inocentarem dos crimes. Respeito os senadores da base, mas vou mostrar essa nação sofrida e depauperada”, assinala.
Para Magno, a crise política e econômica vai marcar o governo do vice Michel Temer (PMDB): “Isso não é caldo de cana, que espreme e sai na hora. Vai demorar para o país melhorar”. Alfinetando o PMDB, o republicano diz que não apoia “quem abandona o barco”. E ressalta que o Brasil virou piada no mundo inteiro, razão pela qual deputados petistas lhe confessam o constrangimento de representar um desacreditado governo por onde andam.
Magno Malta
“Como a pessoa que representa uma base eleitoral de trabalhadores chega de cabeça baixa nos eventos públicos por ser do PT? Como a pessoa vai defender isso, enquanto os filhos de Lula estão milionários?”, questiona o senador. “E os mesmos petistas me respondem: ‘Isso é que é difícil pra mim!’”, relata Magno.