A pandemia de Covid-19, que atingiu diferentes países a partir do início de 2020, trouxe reflexos importantes para o consumo de alimentos e bebidas, revela a pesquisa “ Tetra Pak Index: Covid-19 e o dilema entre segurança do alimento e meio ambiente”. Realizado pela Tetra Pak em parceria com o Instituto Ipsos, a edição atual da pesquisa entrevistou 8 mil pessoas, e o estudo mostra que com a crise do novo coronavírus muitos consumidores valorizaram ainda mais a importância da alimentação para a manutenção de uma vida saudável.
É o caso dos brasileiros. Aqui, 62% dos entrevistados concordam com a afirmação “ser saudável é se manter seguro”. E como “saudável” os entrevistados entendem o uso de ingredientes naturais (51%), alta prevalência de nutrientes (36%) e ausência de conservantes na formulação do produto (36%).
“A preocupação com uma alimentação equilibrada já era uma realidade, mas ficou ainda mais relevante depois da pandemia. Além das medidas de distanciamento social e higienização, o consumidor tem atribuído à alimentação uma forma de fortalecer o seu sistema imunológico e assim se sentir mais protegido”, explica Vivian Haag Leite, diretora de Marketing da Tetra Pak Brasil.
Desperdício de alimentos
Outra questão importante destacada neste período de transformações é o desperdício de alimentos. Globalmente, 70% dos consumidores têm a expectativa de encontrar soluções inovadoras, que protejam o alimento por mais tempo e mantenham seu valor nutricional, reduzindo perdas. Uma segunda escolha mais popular está relacionada ao armazenamento dos alimentos, em que 66% do público entende como relevante embalagens apresentarem datas de validade inteligentes para sinalizar se o produto está seguro para o consumo. Os dados indicam um foco maior para duas áreas: desperdício de alimentos e segurança do alimento.
Os consumidores passaram a ter mais consciência sobre os impactos do desperdício de alimentos ao perceber como a pandemia afetou as cadeias de abastecimento e como o tema está ligado à sustentabilidade ambiental. Segundo estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)², um terço dos alimentos produzidos para consumo humano vai para o lixo.
Neste contexto, e como forma de despertar a necessidade de um reequilíbrio entre comida produzida e consumida, 2020 foi o ano em que a ONU passou a promover o Dia Internacional de Conscientização Anual de Perda e Desperdício Alimentar, celebrado pela primeira vez no último dia 29 de setembro.
“Nos resultados da pesquisa, tanto a preocupação com os prejuízos do desperdício, quanto com a forma de tratamento de resíduos de alimentos ganham relevância entre os consumidores, que buscam pela transparência das empresas fabricantes. É um movimento importante e muito positivo para a sustentabilidade do ciclo de consumo”, pondera Vivian.
Sustentabilidade
Simultaneamente, a preocupação com o meio ambiente permanece forte. A edição anterior do estudo Tetra Pak Index, publicado em 2019, já revelava uma maior preocupação do consumidor com questões ambientais. Agora, esse mesmo indivíduo está mais crítico e credita às marcas a responsabilidade por oferecer embalagens capazes de proteger e garantir a segurança do alimento ao mesmo tempo em que trabalhem com materiais ambientalmente responsáveis.
Dentre as cinco questões que devem ser priorizadas pelas marcas, os brasileiros mencionam a produção de embalagens sustentáveis (58%); a produção de alimentos de forma sustentável (46%); o fornecimento de alimentos para todas as pessoas (44%); e a redução do desperdício de comida (40%). Na sequência, é mencionada a necessidade de elevar a segurança dos alimentos (38%).
Frente às mudanças demandadas pelo mercado consumidor, a Tetra Pak tem trabalhado junto a diferentes parceiros e stakeholders a fim de desenvolver uma embalagem que seja composta unicamente de materiais obtidos de fontes renováveis, capaz de eliminar a emissão de carbono em seu processo de fabricação e que mantenha a sua característica de ser inteiramente reciclável. A utilização de materiais reciclados nas embalagens também é uma possibilidade avaliada pela empresa.
Rastreabilidade e Interatividade
Ainda segundo o estudo, mais da metade dos brasileiros (56%) tem interesse em saber como alimentos e bebidas são produzidos, o que abre espaço para formatos de comunicação na própria embalagem que deem mais transparência sobre a origem do produto.
No Brasil, a companhia tem conversado com diferentes parceiros e clientes a fim de desenvolver projetos de rastreabilidade de ponta a ponta por meio da embalagem. No setor de laticínios, a empresa já tem parceria com produtor que utiliza a rastreabilidade ativa para monitorar toda a sua cadeia produtiva, da entrada da matéria-prima na fábrica até o envio do produto processado e envasado para o varejo.
Para o consumidor, o principal ganho é a possibilidade de ter mais informações sobre o produto em suas mãos, tornando-o capaz de tomar decisões mais conscientes e alinhadas aos seus valores; para a indústria, a rastreabilidade adiciona uma camada de segurança à produção de alimentos e bebidas, garantindo a entrega de produtos seguros e, quando necessário, agilizando ações de recall.
Segundo Vivian, o próximo passo é a incorporação do blockchain a esforços de rastreabilidade. Nos Estados Unidos, um grande varejista utilizando a tecnologia conseguiu reduzir de sete dias para 2,2 segundos o tempo necessário para rastrear a origem de um produto.
“Em um setor em que a segurança do alimento e a transparência dos dados são essenciais para o consumidor, o blockchain surge com um enorme potencial de transformação”, conclui Vivian.