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22/07/2015 às 09h19min - Atualizada em 22/07/2015 às 09h19min

Deputados capixabas são contra afastamento de Eduardo Cunha

Apesar de alguns tecerem críticas ao peemedebista, todos avaliam ser prematuro falar em renúncia ou afastamento do líder da Casa.

Gazeta Online

A bancada do Espírito Santo em Brasília não quer a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo. Ao menos não agora. A reportagem ouviu oito dos dez deputados federais, e nenhum deles adota o "Fora, Cunha". Apesar de alguns tecerem críticas ao peemedebista, todos avaliam ser prematuro falar em renúncia ou afastamento do líder da Casa.

Em delação premiada, o consultor Julio Camargo apontou, ao ser ouvido na Operação Lava Jato, que Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina em um contrato de navios-sonda da Petrobras.

Carlos Manato (SDD), que é o corregedor da Casa, diz que é "cedo" para abordar o tema. "Isso tem que ser apurado. Se ele for indiciado, aí é uma mudança, mas é preciso esperar", afirma Manato. Ele explicou ainda que, de qualquer forma, não caberia à Corregedoria abrir sindicância ou inquérito contra Cunha, uma vez que o órgão é ligado à presidência e somente abre procedimentos após solicitação do próprio presidente da Casa.
"Nesse caso o Conselho de Ética é que poderia ser acionado, o que pode ser feito por qualquer partido", afirmou.
Deputados avaliam se Cunha, agora que se diz oficialmente oposição ao governo federal, vai conseguir separar a atuação de deputado da de líder da Casa ou se vai impor uma "pauta de vingança" ao Planalto.
"Quem ocupa uma posição dessa, de presidente da Câmara, está acima da posição pessoal. Porém, na prática, não é isso que prevalece", afirma o deputado Jorge Silva (PROS). Mas ele também é contrário ao afastamento do peemedebista. "Até agora só tem delação, não tem prova concreta. É preciso aguardar a investigação", diz o parlamentar.
"Não se pode confundir o político com o presidente. Ele deixou claro que quem está contra o governo é o político", ameniza Evair de Melo (PV). "Essa queda de braço (entre Cunha e o PT) não pode em nada ajuda o Brasil", complementou o deputado. Quanto ao afastamento ou renúncia de Cunha, Evair também avalia que é cedo para tratar do assunto. "Isso vai ser abordado em outras instâncias. A Câmara não tem conhecimento dos autos. Se o conteúdo mostrar que a presidência dele pode comprometer a investigação, aí é um procedimento jurídico e não político", afirma.
Morde e assopra
Max Filho (PSDB) lembra que Cunha já adotava uma postura de "morde e assopra" em relação ao governo federal e não acredita em "pauta de vingança". "Tanto o PT quanto o PMDB estão em maus lençóis. Eles apenas se toleram", diz o tucano.
Max é mais um a dizer que a discussão sobre o afastamento de Cunha não tem lugar no momento. "Eu não quero fazer julgamento antecipado. Era melhor não terem colocado ele lá. Mas a pessoa não pode ser condenada antes de ser julgada".
Paulo Foletto (PSB) avalia que quem quer a saída de Cunha da presidência "é o pessoal ligado ao governo". O socialista ainda avalia que as ações do presidente, como autorizar a criação da CPI do BNDES, são "favores ao povo brasileiro".
Sérgio Vidigal (PDT) pondera que o presidente não pode usar o cargo como mecanismo de retaliação ao governo e que, se "mantida a posição de parcialidade", os partidos devem se reunir para cobrar uma mudança nas atitudes do peemedebista.
Do mesmo partido de Cunha, Lelo Coimbra afirmou, por meio de nota, que o presidente da Câmara "tem obrigação de se explicar", mas também minimiza a possibilidade de afastamento do colega agora, antes da denúncia formal. "Temos que agir com responsabilidade e apurar os fatos. Se for denunciado formalmente, Cunha deve ser afastado da presidência da Câmara", sustenta Lelo.
Base
Até Givaldo Vieira, deputado federal pelo PT, partido contra o qual Cunha se insurge, é contrário à saída dele no momento. "Considero sérias as acusações, mas informações mais contundentes devem ser apresentadas", afirma o petista.
Já quanto à conduta de Cunha à frente da Câmara, Givaldo não mede palavras: "Ele usa o cargo sempre para atingir seus interesses. Isso já é da prática dele e certamente usará o cargo para criar tumulto pra cima do governo para tirar os holofotes dos problemas dele". A reportagem não conseguiu contato com Marcus Vicente (PP) e Helder Salomão (PT).


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