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25/03/2015 às 07h29min - Atualizada em 25/03/2015 às 07h29min

Morte de juiz: mais de 167 horas para condenar os assassinos

Esse foi o tempo gasto nos seis primeiros julgamentos. Mandantes vão a júri em maio

Gazeta Online
Alunos de Vila Velha desenvolvem projeto de pintura sobre corrupção e impunidade baseado na história de vida do juiz Alexandre

Foi preciso mais de 167 horas para julgar e condenar sete, dos dez acusados, pelo assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. O crime completa hoje doze anos e ainda faltam sentar no banco dos réus os três acusados como mandantes. A expectativa é de que isso ocorra no próximo dia 25 de maio.

O primeiro julgamento ocorreu um ano e meio após o crime. Foram condenados, na época, os executores: Odessi Martins da Silva Júnior, o Lumbrigão; e Giliarde Ferreira de Souza, o Gi. 

Foi necessário mais um ano para que os outros cinco fossem julgados. Entre outubro e novembro de 2005 saíram as condenações dos intermediadores do crime: os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; além de Fernandes de Oliveira Reis, o Cabeção; André Luiz Barbosa Tavares, o Yoxito; e Leandro Celestino dos Santos, o Pardal.

Demorado

O mais longo de todos os julgamentos foi o de Cabeção. Durou 41 horas. Os sete casos foram conduzidos pelo juiz Sérgio Ricardo de Souza.

Desta vez o comando estará nas mãos do magistrado Marcelo Soares Cunha, que atua como juiz auxiliar da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, que é Privativa do Júri Popular. Ele foi indicado pela presidência do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) após nove juízes das varas criminais do município se darem como impedidos para conduzirem o caso.

Foi Cunha quem marcou o julgamento para o dia 25 de maio próximo. Data em que vão ser julgados o coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira e o ex-policial civil e empresário do ramo de mármore e granito Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu. 

O terceiro acusado como mandante, o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Raio X do crime

Julgamento
25 de maio de 2015
Vão sentar no banco dos réus apenas dois dos três acusados como mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho.

Acusados que vão a julgamento
Walter Gomes Ferreira

Coronel da reserva da Polícia Militar

Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu
Ex-policial civil e empresário do ramo de mármore e granito 

Acusado que ainda aguarda julgamento
Antônio Leopoldo Teixeira

Juiz aposentado

Já condenados
Odessi Martins da Silva Júnior, o Lumbrigão; e Giliarde Ferreira de Souza, o Gi
O julgamento durou 32h40, distribuídos em três dias. Em 16 de setembro de 2004 foram condenados a 25 anos e 8 meses, e a 24 anos e seis meses, respectivamente. Lumbrigão continua preso e Giliarde está em regime aberto, fora da prisão.

Heber Valêncio
Foram 35 horas de julgamento, em três dias. Em 27 de outubro de 2005, a sentença de 20 anos e três meses foi lida. Está em liberdade.

André Luiz Barbosa Tavares, o Yoxito
Foram 14h de julgamento e na madrugada e 8 de novembro de 2005 foi lida a condenação de 8 anos e 4 meses de prisão. Já está livre.

Leandro Celestino dos Santos, o Pardal
Após 16h de julgamento, sentença foi lida na madrugada de 13 de novembro de 2005: 15 anos e dois meses de prisão. Já em regime aberto, fora da prisão.

Fernandes de Oliveira Reis, o Cabeção
O mais demorado dos julgamentos, até agora. Foram 41 horas e mais de três dias. A sentença saiu na madrugada de 24 de novembro de 2005: 23 anos. Esta preso.

Ranilson Alves da Silva
Após 29 horas de julgamento, em dois dias, foi condenado a 15 anos, mas desde 2008 está em regime aberto, fora da prisão.

Crime
Surpresa

O juiz Alexandre Martins de Castro filho foi morto a tiros na porta de uma academia de ginástica, em Itapoã, Vila Velha.

Espera
Doze anos após o crime acontece o julgamento dos mandantes. A denúncia do Ministério Público é de que foi um crime de mando, cometido em função de denúncias feitas pelo juiz sobre venda de sentenças. A defesa dos acusados afirma que foi latrocínio – assalto com morte.

Crianças pintam quadros sobre a trajetória do juiz Alexandre
Uma exposição de quadros feitos por alunos de até dez anos, de escolas de Vila Velha, retratam a trajetória do juiz Alexandre Martins de Castro Filho.

O “Projeto Justiça e Coragem” foi desenvolvido para abrir um debate com as crianças sobre impunidade, justiça e relações de poder.

Muitas delas, como relata o diretor da Umef José Elias de Queiroz, Vanderli Alexandre Ferreira de Aquino, vivendo em comunidades onde a violência faz parte de seus cotidianos. “Uma delas, após o projeto, nos revelou que gostaria de ser juíza para combater a violência em seu bairro”, relatou.

O prefeito da cidade, Rodney Miranda, observa que é importante ensinar para as crianças, com a ajuda dos professores, o que é a corrupção, a impunidade, como isso afeta a vida delas e de suas comunidades. “É preciso aprender cedo que não se pode ser tolerante com a corrupção”, pondera.

A exposição será aberta às 9 horas de hoje, na sede da Prefeitura de Vila Velha. Irá ao evento o pai do juiz morto, Alexandre Martins de Castro. “Mais um ano se passou, mas agora há a expectativa de que finalmente se julguem os mandantes”, destacou Casto. 

Ele espera que se faça justiça e que a fase de indignação possa se encerrar: “Os acusados podem até sair pela porta da frente, como anunciaram, mas vão estar condenados”, disse.


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