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31/08/2018 às 09h19min - Atualizada em 31/08/2018 às 09h19min

Guerra entre Correios e China tem impacto brutal em negócios e compras

Os Correios anunciaram uma taxa em compras internacionais que, para fonte do mercado, pode comprometer 70% dos pedidos em andamento

Exame
O cabo-de-guerra entre os Correios e os milhares de produtos chineses que chegam todos os dias ao Brasil ganhou mais um capítulo nesta semana – e pode ser mais dramático do que muitos imaginam. O serviço postal brasileiro anunciou na última segunda-feira uma cobrança fixa de 15 reais sobre todas as compras internacionais, como taxa extra de despacho postal.
A medida já está valendo e funciona de forma retroativa – quem estiver esperando por uma encomenda vinda do exterior deve rastrear o pacote e fazer o pagamento dos 15 reais por meio de boleto ou cartão de crédito. Segundo um executivo do mercado, a decisão de cobrar uma taxa fixa de 15 reais em todas as compras internacionais pode comprometer 70% dos pedidos que estão para serem entregues e “só acusa a posição de monopólio” da estatal. O anúncio já afeta negócios que praticam o comércio transfronteiriço – especialmente os que praticam valores menores, como os chineses.

Guerra com o outro lado do mundo
Os Correios já cobram uma taxa de despacho postal para objetos tributados, que devem ser apresentados à aduana. A novidade é cobrar uma taxa de despacho para itens não tributados, o que vai contra as definições da agência intergovernamental União Postal Universal, diz o executivo de mercado. Em resposta, os Correios afirmam que “a prática está em conformidade com a regulamentação postal internacional, notadamente da União Postal Universal e, inclusive, é adotada por diversos países no mundo”. A UPU possui 192 países signatários, incluindo Brasil e China.

Apesar de a taxa fixa incidir sobre todas as encomendas internacionais, as compras que devem ser mais afetadas são as de valores menores. É o caso da maioria das aquisições feitas em lojas online chinesas, como AliExpress e DealeXtreme (DX.com), ou em e-commerces internacionais que revendem produtos chineses, da gigante Amazon ao unicórnio Wish.


De acordo com In Hsieh, CEO da Chinnovation, o ticket médio das compras brasileiras nos e-commerces chineses é de 50 reais, possibilitados também por políticas de descontos agressivos e de fretes grátis. Já o especialista de mercado afirma que 40% das compras vão de um até cinco dólares (na cotação atual, de quatro a 20 reais). Com isso, a nova taxa pode representar de 75 a 375% sobre o valor da encomenda.

Enquanto isso, o ticket médio do comércio eletrônico brasileiro em geral fica em 418 reais, segundo o relatório Webshoppers, da consultoria Ebit. “Nesse sentido, 15 reais é um valor muito significativo. A diferença de preço ainda pode compensar em alguns casos, mas certamente as compras irão diminuir”.


 

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