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29/05/2018 às 09h32min - Atualizada em 29/05/2018 às 10h34min

No 9º dia de paralisação, grevistas desafiam governo e a polícia

Mesmo após concessões feitas pelo governo federal e com a presença da polícia e do Exército nas estradas, caminhoneiros seguem de braços cruzados

Gazeta Online
Caminhoneiros parados em Viana (Foto: Secundo Rezende/ Zoom Filmes)

A paralisação dos caminhoneiros, que já dura mais de uma semana, provoca desabastecimento e prejuízos para a economia, com a suspensão de atividades agrícolas e industriais em todo o país. Mesmo após concessões feitas pelo governo federal e com a presença da polícia e do Exército nas estradas, caminhoneiros seguem de braços cruzados e, em alguns pontos, impedem cargas essenciais de passar.

Carretas sob escolta da Polícia Militar foram interceptadas ontem por manifestantes na BR 262, na altura de Brejetuba. Os caminhões, vazios, saíram de Santa Maria de Jetibá com destino a Uberlândia, em Minas Gerais, para buscar ração para aves e suínos. Sem a liberação, 30 milhões de aves e 150 mil suínos no Espírito Santo correm sério risco de morrer. No Estado, há 26 pontos de protesto em vias federais e estaduais. Em todo o país, são mais de 500.


No domingo, o presidente Michel Temer anunciou redução de R$ 0,46 no litro do diesel por 60 dias, ao zerar a Cide e o Pis/Cofins, e prometeu que reajustes serão a cada 30 dias. Na quinta, já havia aprovado a edição de uma tabela de preços de frete e a isenção de pedágio sobre o eixo suspenso em caminhões vazios.

Na noite desta segunda (28), o Senado aprovou urgência na tramitação do projeto da reoneração da folha salarial das empresas. A votação, porém, ainda não tem data. No projeto, está a retirada do fim da cobrança do Pis/Cofins para combustíveis até dezembro, aprovado na Câmara na semana passada.

Ainda assim, e com a presença de efetivos militares nas estradas, a paralisação não parece não estar perto do fim. A dimensão que a greve tomou revelou um país refém do transporte rodoviário de cargas, que passou a ficar sujeito também à chantagem de grupos com interesses políticos.

Associações de caminhoneiros que defendem a volta ao trabalho denunciam que há objetivos eleitoreiros na paralisação. O próprio presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, um dos líderes da manifestação, convocou a imprensa ontem para denunciar a existência de grupos de intervencionistas que estão impedindo o fim da greve. Fonseca destacou que o acordo do domingo atendeu às reivindicações da categoria.

“As pessoas que querem voltar ao trabalho têm medo porque estão sendo ameaçadas de forma violenta”, destacou Fonseca, acrescentando que essas pessoas são ligadas a partidos políticos, sem dar mais detalhes.

As justificativas para a greve permanecer vão desde pedidos de “fora Temer” até reivindicações para que a redução de valores se aplique também à gasolina.

Na rodovia Regis Bittencourt, na Grande São Paulo, os caminhoneiros dizem que a proposta feita domingo não é suficiente. Eles afirmam que não seguem nenhuma confederação ou sindicato e pedem novas demandas, que vão de mais desconto no preço do diesel à renúncia de Temer, passando por intervenção militar. Muitos motoristas admitem também que não deixam a estrada porque seus patrões não mandam – se as empresas ameaçassem cortar salário, por exemplo, largariam o protesto.

Parte dos motoristas é influenciada por informações que recebem pelo Whatsapp. Entre elas, um boato de que, caso o protesto vá até meia-noite de amanhã, o Exército daria um golpe. A proposta de intervenção militar é a mais repetida.

Em Viana, o caminhoneiro Bira Nobre, que se identificou como representante da manifestação no Espírito Santo, trouxe uma nova reivindicação: “Queremos que eles zerem todos os impostos sobre os combustíveis. Estou falando de gasolina, etanol, diesel, de tudo, sem data para terminar.”

SEM ACORDO
O que o governo ofereceu


Para tentar acabar com a greve, o presidente Michel Temer anunciou uma redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel por 60 dias, e a isenção de pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios. Foram determinados ainda que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos e a criação de uma tabela mínima de valor de frete.

O que os manifestantes querem

O movimento reivindica pautas distintas. Um grupo em São Paulo pede o diesel a R$ 2,50 na bomba. Outros pedem a renúncia de Temer e defendem intervenção militar. Em Viana, no Espírito Santo, caminhoneiros exigem isenção de impostos para todos os combustíveis.


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