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19/04/2018 às 12h01min - Atualizada em 19/04/2018 às 12h01min

Operação Lee Oswald completa seis anos sem condenações

Em dias de exemplo de aplicação da lei contra corruptos, Lee Oswald está 'parada'

Da Redação
Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão na sede da Prefeitura de Presidente Kennedy (Foto: Arquivo/ Abril de 2012)

 

Na manhã de 19 de abril de 2012 (uma quinta-feira), os moradores de Presidente Kennedy, começavam o dia com uma surpresa: o prefeito da cidade e outras 27 pessoas, entre elas secretários, o procurador-geral do município, militares e servidores da Prefeitura, foram presos acusados de formar uma quadrilha responsável por desviar mais de R$ 50 milhões dos cofres públicos, por fraudes em licitações, segundo investigações da Polícia Federal.

Hoje, uma mesma quinta-feira, a operação Lee Oswald, como foi chamada a ação que desarticulou o grupo, completa seis anos. Os vinte indiciados que viraram réus, estão soltos e, até o momento, ninguém foi punido pelos desvios de recursos que seguem sem voltar ao caixa municipal.

O prefeito do município à época, Reginaldo Quinta, apontado pela Polícia Federal, que deflagrou a operação com apoio da Controladoria-Geral da União e do Ministério Público Estadual, como o líder da quadrilha, foi solto após ficar 82 dias preso, na carceragem do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Vitória. Além dele, outras quatro pessoas suspeitas de integrar o esquema também foram colocadas em liberdade naquele 10 de julho.

Diferentemente da gigante operação Lava Jato, que já está na 50ª fase, e a Justiça Federal julga com celeridade os acusados, a operação "Lee Oswald" caminha a 'passos de tartaruga', onde o processo tramita ainda na 1ª instância após seis anos, sem sequer uma condenação e sem prazo para seu fim, dando assim, um sentimento maior de impunidade para a sociedade.

Há temor pelo risco de prescrição em alguns dos crimes apontados pelo Ministério Público no caso, este, claro, de interesse dos reús.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado (TJES) disse que não presta informações de processos que se encontram em segredo de justiça.

 

Relembre

Intervenção

Com a prisão do prefeito, o município de Presidente Kennedy ficou alguns dias sem comando. À época, o sucessor natural na direção da cidade, o vice-prefeito Edson da Rocha Nogueira, havia sido cassado pela Câmara Municipal por não residir no município e ter cargo público em Apiacá. O presidente da Câmara de Vereadores, Dorlei Fontão da Cruz, próximo apto a assumir a prefeitura, também estava afastado pelo Tribunal de Justiça.

Sem pessoas em condições de assumir o Executivo municipal, o então procurador-chefe do Ministério Público do Espírito Santo, Fernando Zardini, encaminhou pedido de intervenção no município de Presidente Kennedy ao Tribunal de Justiça do Estado, em 23 de abril de 2012.

O pedido foi analisado e aceito pelo desembargador, Pedro Valls Feu Rosa, que comandava a Corte de Justiça, à época. Em 06 de julho daquele ano, o governador do Estado, Renato Casagrande, nomeou o promotor de justiça aposentado, Lourival Lima do Nascimento, para assumir a prefeitura até o dia 31 de dezembro daquele ano e preparar a cidade para um novo prefeito a partir do primeiro dia de janeiro de 2013.

 

O esquema

De acordo com o apurado pela Polícia Federal, na época, as licitações eram com cartas marcadas. O processo era montado a partir de editais que restringiam a concorrência, sendo direcionados para grupos econômicos previamente escolhidos, que simulavam legalidade do processo.

O grupo, que tem como suposto líder o ex-prefeito de Presidente Kennedy, é acusado de ter desviado cerca de R$ 50 milhões dos cofres do município. Secretários, o então Procurador-Geral do município, servidores da prefeitura, empresários e policiais militares também foram apontados como integrantes da quadrilha.

Deflagrada em 19 de abril de 2012, a operação Lee Oswald teve como objetivo desarticular uma organização criminosa acusada de fraudes em licitações, superfaturamentos, desvio de verbas, além de pagamentos indevidos em contratos de serviços e compra de materiais. As investigações duraram seis meses.

Os 230 policiais federais que participaram da ação cumpriram 79 mandados judiciais, sendo 51 de busca e apreensão, além de outros 13 de prisão preventiva e 15 de prisão temporária. No total, 28 pessoas foram presas e cerca de R$ 247 mil foram apreendidos na casa do ex-prefeito, além de outros bens.

 

O nome

A operação levou o nome do ex-fuzileiro naval acusado de ser o responsável pela morte do presidente norte-americano, John F. Kennedy, em 22 de novembro de 1963, na cidade de Dallas.

 

Leia a decisão de 17 de abril de 2012


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