O picadeiro itinerante da Cia Raros Circus, de Ribeirão Preto, abriu a segunda temporada do ano no dia 11 de fevereiro, na Fundação CASA na cidade de Batatais. Seguindo sua agenda, o espetáculo “Clownflitos Amorosos” já passou pelas unidades da instituição nas cidades de Ribeirão Preto no último dia 15 e prepara-se para se apresentar em Araraquara (18/2) e Sertãozinho (22/02). As apresentações integram o projeto Mostra de Repertório Circense, que a companhia estreou no início de janeiro.
Além do entretenimento artístico-cultural, o objetivo da Mostra é envolver os adolescentes, jovens e equipe técnica da Fundação CASA com debates em torno de diferentes temáticas. Em “Clownflitos Amorosos”, a importância do respeito e da convivência com o outro é o mote do roteiro. Os personagens da história são os palhaços Pitiquinho e Menininha, que são muito amigos, mas têm um desentendimento antes de entrarem em cena.
Por causa disso, o que se vê no palco é a busca pelo restabelecimento da amizade. Com comicidade e poesia, a encenação toca em questões como o diálogo e reconhecimento do valor ao próximo e as dificuldades das relações humanas. “Nosso trabalho busca unir a diversão e a reflexão, contribuindo com o estímulo a mudanças pessoais que podem fazer grande diferença na vida de todo mundo”, salienta Fábio Brasileiro, coordenador geral da Cia Raros Circus. O espetáculo une técnicas de malabarismo, equilibrismo, palhaçaria clássica, mágica, acrobacias e música.
Durante a primeira temporada da Mostra, realizada em janeiro, as unidades da Fundação CASA em Ribeirão Preto, Araraquara, Batatais, Sertãozinho e Taquaritinga também receberam as apresentações e a receptividade do público foi, de acordo com Fábio Brasileiro, além das expectativas. “Tanto pelos internos, como pelos profissionais, a recepção foi a melhor possível. Apesar de a maioria dos adolescentes e jovens não terem proximidade com a arte do circo, depois de alguns minutos de apresentação já haviam sido arrebatados pelos personagens”, comenta, empolgado, o artista e coordenador geral da companhia. No total, mais de 220 internos e cerca de 50 agentes e profissionais pedagógicos participaram da Mostra durante janeiro.
Debates
Sempre após o encerramento da apresentação, a Cia Raros Circus realiza uma roda de conversa para uma troca sobre questões artísticas e profissionais. “Esse tempo foi ótimo em todas as unidades onde estivemos em janeiro. Foram oportunidades de conversas muito produtivas com a comunidade da Fundação CASA sobre como é viver da arte, como tem sido nossa trajetória como artistas e como a arte pode transformar realidades adversas”, conta o artista João Marcílio.
Todo o trabalho da Mostra de Repertório Circense junto às unidades da Fundação CASA é focado na democratização do acesso à arte e à cultura para os internos, que cumprem medidas socioeducativas em situação de privação de liberdade. “Os internos são parte da sociedade e, como tal, têm direito à arte e cultura, além de poderem ter novos olhares sobre a vida”, completa João Marcílio.
De acordo com o secretário da Justiça e presidente da Fundação CASA, Fernando José da Costa, a democratização da arte é uma ação extremamente necessária. “O acesso à arte e à cultura caminham juntamente com o processo educacional, pois a ludicidade é uma das muitas ferramentas usadas para transmitir conhecimento, valores e também motivar os jovens a desenvolverem seu pensamento crítico”, conclui.
Executado com recursos do Prêmio ProAC Expresso Direto nº 38/2020 - Fomento Direto a Projetos Culturais do Governo do Estado de São Paulo, o projeto Mostra de Repertório Circense terá um minidocumentário retratando todo o processo criativo e de montagem, com imagens dos treinos, preparação, circulação, depoimentos de internos, funcionários e equipe pedagógica das cinco unidades da Fundação CASA para este projeto da Cia Raros Circus. Fábio Brasileiro lembra que a inclusão cultural da população de internos da Fundação CASA é uma das diretrizes do Plano de Atendimento Socioeducativo do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), “de maneira que é imensurável o impacto social do projeto”, reforça.
Arte Circense
Fundada em 2016 em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, por Fábio Brasileiro, João Marcílio e Daniella Brasileiro, a Cia Raros Circus é um grupo circense de repertório, que aposta no trabalho para além dos limites do espaço cênico. As pesquisas que balizam a concepção de cada espetáculo são realizadas em quatro eixos: popular (não apenas como linguagem, mas como meio de produção e difusão cultural), dramaturgia autoral, ocupação de ruas e espaços não convencionais, compartilhamento de saberes e formação de público.
Desde 2017, a Cia Raros Circus realiza apresentações e ações formativas em cidades afastadas dos grandes centros urbanos do Brasil, como o sertão nordestino, além de circulações independentes em cidades do interior paulista em escolas, ruas e praças.
Em 2018 e 2019, o grupo foi premiado com o edital ProAC de número circense e de produção e circulação de espetáculos circenses, respectivamente com “Clownflitos Amorosos” e “Clownfusão, os Internacionalmente Desconhecidos”, que permitiu a apresentação online deste espetáculo em 69 unidades da Fundação Casa. Também pelo ProAC, a produção “Reciclown Circus” foi vista virtualmente pelo público das dez cidades que mais sofrem com a poluição no Estado de São Paulo.
A companhia é presença constante - e premiada - em festivais nacionais, como o Festival Internacional de Circo (FIC), Festival Paulista de Circo, Festival Arte por Todo Lugar, Festival Circo na Praça e Festival de Janeiro. Oficinas formativas também compõem o cardápio de atuação da Raros Circus. Para conhecer melhor, basta acessar https://www.instagram.com/ciararoscircus/ e https://www.facebook.com/ciararoscircus.
Serviço
Próximas apresentações da Mostra de Repertório Circense - Cia Raros Circus - Espetáculo “Clownflitos Amorosos”
Fundação CASA Araraquara
Dia: 18/02 (sexta-feira)
Horário: 10h
Fundação Sertãozinho
Dia: 22/02 (terça)
Horários: 10h
Espetáculo: “Clownflitos Amorosos”