Kennedy em Dia Publicidade 1200x90
05/10/2021 às 18h01min - Atualizada em 05/10/2021 às 18h01min

Apagão: entenda as falhas no WhatsApp, Facebook e Instagram e o que ainda falta explicar

Da Redação

WhatsApp, Facebook e Instagram ficaram fora do ar por mais de seis horas nesta segunda-feira (04), o que impactou a rotina de usuários desses serviços no Brasil e em vários países.

A pane começou no início da tarde e, no começo da noite, os três serviços — que pertencem ao Facebook — começaram a ser restabelecidos, porém ainda com alguma instabilidade.

De acordo com o site Down Detector, conhecido por apontar falhas em serviços na internet, o problema não ficou restrito ao Brasil: houve relatos de instabilidade em diversas regiões do planeta, incluindo América Latina e Europa. 

As falhas começaram por volta das 12h20 (horário de Brasília) e os dispositivos começaram a ter as operações normalizadas em todo o mundo por volta das 18h45, também no horário de Brasília.

Por meio de plataformas como o Twitter, usuários relataram problemas, dizendo que não era possível acessar o serviço. Além do app, a versão web teve problemas para conectar com o aparelho celular. A instabilidade também afetou plataformas e serviços que usam o login do Facebook, como games.

Sem acesso aos serviços do Facebook, o Telegram se tornou um dos principais modos de comunicação entre os internautas, além do TikTok e do Twitter. 

Mas o próprio Telegram também sofreu com reclamações de usuários, que relataram dificuldades para enviar de mensagens no aplicativo.

Especialistas acreditam que o problema enfrentado pelas principais redes do grupo FacebookInc. pode ser decorrente de uma falha de Domain Name System (DNS), que funciona como uma lista telefônica para a Internet.

Quando um usuário digita um endereço da web — como facebook.com — o computador precisa transformá-lo em um endereço IP, que é uma série de números, para que a pessoa possa acessar os dados que constituem a página que ela deseja ver. 

Com o Facebook desativado, no entanto, esse sistema possivelmente não funcionou. Ou seja, o computador procurava os números que desejava ver, mas os números não estavam lá. Os servidores do Facebook deveriam fornecê-los, mas era como se a "lista telefônica" estivesse em branco.

"O protocolo DNS associa nomes de domínio a endereços IPs. Se o serviço de DNS estiver indisponível e não for possível traduzir nomes de domínio para endereços IPs, não será possível endereçar nossas solicitações pela internet, o que nos impede de acessar sites e serviços. Em cenários em que vários serviços estão integrados em uma mesma plataforma, problemas nessa plataforma irão afetar todos os serviços integrados a ela", explicou à reportagem do Estadão o professor de Ciência da Computação, Rodrigo Izidoro Tinini, do Centro Universitário FEI.

O Facebook, no entanto, ainda não explicou oficialmente o que ocasionou o problema. Disse apenas se tratar de um problema na rede.

Em uma primeira mensagem, a empresa disse: "Estamos cientes de que as pessoas estão tendo dificuldade para acessar nossos aplicativos e produtos. Estamos trabalhando para que tudo volte ao normal o quanto antes".

Às 17h, Mike Schroepfer, CTO do Facebook, disse: "Nossas sinceras desculpas a todos os afetados pela interrupção dos serviços do Facebook neste momento. Estamos passando por problemas em nossas redes e nossos times estão trabalhando para resolver essa situação o mais rápido possível".

É possível, no entanto, que o Facebook nunca revele verdadeiramente o que causou o problema. É o que acreditam portais de notícias internacionais que acompanham as falhas da empresa. 

Foi o que aconteceu em 2019, quando a gigante da internet sofreu uma interrupção que demorou mais de 24 horas desde o início do problema até o momento em que o Facebook disse que ele estava resolvido.

Após essa interrupção recorde, a empresa disse apenas que os problemas eram “resultado de uma mudança na configuração do servidor”. 

Quando ocorre uma falha no DNS — o que pode ter ocorrido nesta segunda-feira —, o endereço IP fica fora de alcance. Segundo reportagem do portal UOL, até mesmo funcionários do Facebook ficaram, durante o dia, sem acesso às ferramentas internas usadas para configurar o sistema e corrigir o problema — o que pode ter prolongando a falha.

A repórter do jornal norte-americano The New York Times, Sheera Frenkel, confirmou a tese. "Acabei de falar ao telefone com alguém que trabalha para o FB que descreveu funcionários sem conseguir entrar nos prédios esta manhã para avaliar a extensão da pane porque seus crachás não funcionavam para abrir as portas", disse, em um post no Twitter.

O jornal norte-americano também afirmou que o Facebook estava enviando uma equipe para tentar fazer a recuperação dos sistemas manualmente.

Já Dane Knecht, vice-presidente da empresa de servidores Cloudflare, disse, também no Twitter, que a queda global do Facebook tem a ver com DNS e que "as rotas BGP" da empresa "foram retiradas da internet".

BGP significa Border Gateway Protocol (Protocolo de Portão de Fronteira, em tradução livre). Trata-se do sistema que decide por qual rota os seus dados vão trafegar até chegar ao destino escolhido.

Quando o usuário digita um endereço na barra do navegador e aperta "Enter" (ou abre o WhatsApp no celular), o BGP é o protocolo que avalia os possíveis caminhos que a pessoa pode tomar para chegar ao servidor desejado. 

Se o BGP sai do ar, a plataforma fica "sem direção" e não consegue mais encontrar o caminho entre o usuário e o serviço que ele quer acessar.

O especialista em tecnologia e segurança digital e professor convidado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Arthur Igreja, disse ao portal R7 que "blackouts" do sistema da empresa de tecnologia costumam ocorrer, mas nunca por tanto tempo. 

“[As quedas] já aconteceram várias vezes, mas normalmente o tempo de recuperação é de uma hora, no máximo duas horas. Nós estamos vivenciando algo que está ultrapassando esse tempo, então chama a atenção por não ser algo pequeno”, disse à reportagem do portal, antes dos serviços começarem a ser restabelecidos.

O especialista frisou também que ainda não era possível indicar o motivo exato para a queda das redes sociais do Facebook. Ele, no entanto, acredita que pode ter ocorrido possíveis falhas nos servidores.

“Nós podemos ter falha em alguma atualização, problemas nos servidores de sustentação — algo que já aconteceu outras vezes — e historicamente o problema mais comum, que é o problema de DNS”, afirmou.

Arthur Igreja também não descartou a possibilidade de o Facebook ter sido vítima de um ataque hacker, mas admite que a hipótese é bastante remota.

Com a queda, as ações do Facebook também caíram. Embora outras empresas de tecnologia também tenham visto o movimento, a retração do Facebook é maior. A rede social chegou a ter queda de 5,3%, mas fechou o dia com redução de 4,89%, a maior desde novembro do ano passado. 

A queda ocorre numa onda de retração das ações de empresas de tecnologia, mas a rede de Mark Zuckerberg ficou abaixo do patamar das concorrentes, que viram reduções no valor dos papeis de 2,8%.

A estimativa é de que, durante a pane, Zuckerberg tenha tido uma perda estimada de US$ 5,9 bilhões em sua fortuna pessoal.

Com informações de agências e portais de notícias


Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
WhatsApp
Atendimento
Fale conosco pelo Whatsapp