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01/06/2020 às 08h42min - Atualizada em 01/06/2020 às 08h42min

Com coronavírus, especialistas preveem pior crise da história

Da Redação
A economista Arilda Teixeira disse que o Brasil precisa superar a crise sanitária para, então, poder retomar a economia. (Foto: Antonio Moreira / AT — 12/07/2016)
A diminuição no consumo das famílias de janeiro a março deste ano foi a maior em quase duas décadas, e analistas preveem que o País vai registrar a pior retração econômica de sua história nos próximos meses.

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas) trimestral, divulgado na sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou um recuo de 1,5% no primeiro trimestre. O resultado negativo foi influenciado pelo consumo, que retraiu 2% no período.

É a maior queda no setor desde 2001. Segundo o IBGE, o resultado se deve ao avanço do coronavírus e às medidas de distanciamento social que afetaram o mercado de trabalho, prejudicando a demanda, além dos efeitos sobre a oferta.

Mas os números remetem ao fim de março e, segundo bancos e consultorias, o resultado ainda não representa o retrato do impacto real do coronavírus. Por isso, o tombo deverá ser maior no segundo trimestre que se encerra em junho.

O Itaú Unibanco estima que a queda no PIB será de 10,6% no próximo trimestre. Já o Santander projeta uma contração de 13,5%.

A XP Investimentos calcula que a queda no segundo trimestre será de 13,7%. O americano Goldman Sachs também é pessimista em sua avaliação, e prevê que a atividade econômica deve recuar 12,9%.

Se a previsão de queda acima dos 10% se concretizar, será o maior recuo do PIB trimestral desde que o IBGE iniciou a série histórica, em 1996. Desde então, a pior retração ocorreu no segundo trimestre de 2016, queda de 4,6%.

“É uma crise diferente, porque é de oferta. No passado, tínhamos crise de demanda, o governo ampliava gastos públicos e tinha um efeito positivo. Agora, os empregados não trabalham, as empresas não produzem.

Podemos ter mais falências, e a retomada de empregos fica comprometida”, avaliou o economista Eduardo Araújo.

A saída passa primeiro pela superação da situação sanitária e, em seguida, o prosseguimento das reformas e investimentos estratégicos. “A economia tem um freio, é reflexo de um problema que não tem prazo para acabar. Para a retomada, as pessoas têm de voltar a transitar, e enquanto o vírus estiver contagiando, não é possível”, disse a economista Arilda Teixeira.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na sexta-feira (29) que o governo mantém-se resiliente na determinação de furar as duas ondas provocadas pela crise da pandemia da Covid-19: primeiro, a da saúde, que já está sendo enfrentada, e depois a da economia. Segundo o ministro, o País caiu rápido, e a volta depende de ações próprias.

Guedes disse que deseja ver a economia em movimento semelhante a um “V”, com recuperação após a queda, porque sinais vitais estão mantidos, mas ressaltou que isso depende da reação do País.

“Pode ser um ‘U’, ou pode ser um ‘L’, de cair e virar depressão. Prefiro trabalhar com o ‘V’. Pode ser um ‘V’ meio torto? Pode. Pode ser um ‘V’ light? Pode. Caiu rápido, vai subir um pouco mais devagar, mas ainda é um ‘V’”, explicou.

Guedes disse que é preciso concentrar esforços para superar a crise e aperfeiçoar as instituições democráticas, valorizar a estrutura institucional, em vez de se jogarem uns contra os outros.

“Cometemos erros? Nos condenem, nos critiquem, nos ajudem. Mas, no meio de uma luta para salvar vidas, ficar sendo apedrejado enquanto ajuda, a mim não me derruba, não me afeta. Eu acho um crime contra a população brasileira”.


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