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12/08/2019 às 10h38min - Atualizada em 12/08/2019 às 10h38min

Após 3 anos da Rio 2016, Vila dos Atletas vendeu menos de 15% dos apartamentos construídos

Das 3,6 mil unidades, apenas 512 foram vendidas. Construtora Carvalho Hosken afirma estar otimista e que projeto será ampliado.

G1

Três anos após a realização da Rio 2016, o empreendimento imobiliário onde funcionou a Vila dos Atletas ainda não conseguiu vender nem 15% dos imóveis construídos para o evento. Das mais de 3,6 mil unidades preparadas para a Olimpíada, apenas 512 foram comercializadas.

Batizado de Ilha Pura, o condomínio nasceu como uma aposta de ser um bairro sustentável no futuro da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O espaço chegou a ser considerado “a mais bela Vila Olímpica da história” pelo então presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach.

Há apartamentos de dois, três e quatro quartos, além de coberturas. O metro-quadrado custa R$ 7.500, em média. As unidades à venda variam de R$ 577 mil a R$ 2,5 milhões.

Apesar de não ter vendido nem os três primeiros prédios que foram disponibilizados ao público, o espaço ainda será ampliado. A construtora anunciou a inauguração de um “mall” dentro de 18 meses (veja mais abaixo).


Lazer e isolamento

Para quem já comprou um apartamento e mora no espaço, a área de lazer é o diferencial do condomínio. Um parque com mais de 70 mil metros quadrados com quadras, pista de skate e até um show de águas garante a diversão dos moradores.

Por outro lado, o “isolamento” é algo que incomoda.

“Eu estou adorando isso aqui vazio, mas seria legal também ter mais gente. Ter um convívio maior e a expectativa de que isso vá crescer, de que vão chegar mais pessoas é bem grande. Só tem uma coisa que eu espero: que tenha um lugar para comprar as coisas. Sem isso, fica um pouco difícil”, disse Cristiane Rhein.

A promessa de abrir um centro comercial pretende atender a uma reclamação recorrente de grande parte das 260 famílias que já vivem por lá. O local não é bem atendido por farmácias, padarias e veterinários.

Para o militar aposentar Francisco Araújo, de 63 anos, seu novo endereço parece um resort. Acompanhado de seus dois netos, ele disse ao G1 que gosta muito das instalações de lazer, mas já está ansioso para a construção e não ter que se locomover muito.

“Por causa dessa área não ter ainda muito comércio e a parte de restaurante e mercado. Quando tiver um shopping vai ficar perfeito. Praticamente um bairro completo. Eu não precisaria sair para nada, já teria tudo”.


Mercado não ajudou

Para analistas do mercado imobiliário, mudanças anteriores na dinâmica do mercado imobiliário afetaram a ocupação do empreendimento. O vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi-RJ), Leonardo Schneirder, fez uma comparação com a Vila do Pan de 2007, que foi um sucesso de vendas - quando o mercado imobiliário estava aquecido.

“A gente teve o exemplo do Pan em 2007, a Vila do Pan vendeu em um fim de semana e foi um sucesso absoluto. Imaginava-se que um projeto como Ilha Pura também ia ser um sucesso, mas o mercado mudou”, disse Schneider.

O que diz a construtora

Apesar do baixo índice de ocupação, representantes da construtora responsável pela obra, a Carvalho Hosken, estão otimistas com a “nova fase” do mercado. O diretor de marketing da empreiteira, Ricardo Correia, disse em entrevista ao G1 que está animado com o “novo momento”.

“Nós estamos vivendo um novo momento no mercado imobiliário. Se nós considerarmos que o mercado estava completamente parado nos últimos três anos, nós hoje já começamos a ter indicadores muito interessantes. Pela nossa experiência recente, de janeiro para cá, começamos a perceber a procura das pessoas para investir no mercado imobiliário”, afirmou Ricardo.

A esperança da empresa tem como base números obtidos desde janeiro de 2019: foram R$ 200 milhões arrecadados com a venda dos imóveis. A “retomada” do aquecimento do setor se deve, segundo Ricardo Correia, a novas medidas adotadas pelo governo federal.

Odebrecht saiu do empreendimento

A construção de Ilha Pura nasceu de uma parceria entre as construtoras Carvalho Hosken e a Odebrecht, empreiteira envolvida na Operação Lava Jato. Após os escândalos revelados e a falta de sucesso nas vendas, a sociedade foi desfeita, e a parte que pertencia à empresa investigada foi comprada pela Carvalho Hosken.

Os representantes do empreendimento negam que o acordo tenha atrapalhado os negócios. Segundo o diretor de marketing, não foi percebida a presença desse “fantasma” no empreendimento.

“Quando retomamos o nosso processo, nós já tínhamos assumido Ilha Pura. Não percebemos a presença de um fantasma de trás em todo o universo que está conosco”, afirmou Ricardo Correia.


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