Os policiais estão em 15 endereços, inclusive fora do estado, como em Juiz de Fora, em Minas. No RJ, equipes estão na Zona Oeste do Rio; em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense; em Petrópolis, na Região Serrana; e em Angra dos Reis, na Costa Verde.
Os mandados fazem parte de um inquérito à parte, mas, de acordo com o delegado Giniton Lages, que está à frente das investigações, todos têm ligação com os assassinatos. As mortes completam nove meses nesta sexta-feira (14).
Operação da polícia prende primeiros suspeitos de envolvimento na morte de Marielle
A investida do Caso Marielle faz parte de operação maior contra a milícia. Em Angra dos Reis, durante o cumprimento de mandado, equipe foi encurralada por criminosos. A Polícia Civil não esclareceu se a ação tinha relação com o atentado.
Segundo informações do delegado Bruno Gilaberte, titular da 166ª DP, a ação aconteceu no Morro da Constância, no Frade. "Os agentes ficaram sob forte ameaça [dos bandidos], em local de vulnerabilidade e intensa situação de risco", informou o delegado.
O grupo foi resgatado após ação das polícias Civil e Militar. Um dos agentes foi atingido por estilhaços e teve ferimentos leves.
O que se sabe do Caso Marielle
A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Uma outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços.
HISTÓRICO
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19h: Marielle chega à Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos, Lapa, para mediar debate com jovens negras.
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Imagens obtidas pela polícia mostram um Chevrolet Cobalt com placa de Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, parado próximo ao local.
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Quando Marielle chega, um homem sai do carro e fala ao celular.
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21h: Marielle deixa a Casa das Pretas com uma assessora e Anderson. Pouco depois, um Cobalt também sai e segue o carro de Marielle.
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No meio do trajeto, um segundo carro se junta ao Cobalt e persegue o veículo de Marielle.
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21h30: na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, um dos veículos emparelha com o carro de Marielle e faz 13 disparos: 9 acertam a lataria e 4, o vidro.
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Marielle e Anderson são baleados e morrem.
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Vereadora foi atingida por 4 tiros na cabeça.
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Anderson levou ao menos 3 tiros nas costas.
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Assessora é atingida por estilhaços, levada a um hospital e liberada.
INVESTIGAÇÃO
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Arma foi utilizada foi uma submetralhadora MP5 9 mm; tiros foram disparados a uma distância de 2 metros.
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Munição pertencia a um lote vendido para a Polícia Federal de Brasília em 2006. A polícia recuperou 9 cápsulas no local do crime.
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Ministro da Segurança, Jungmann diz que as balas foram roubadas na sede dos Correios na Paraíba, "anos atrás".
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Ministério da Segurança afirma que a agência dos Correios na Paraíba foi arrombada e assaltada em julho de 2017 e que no local foram encontradas cápsulas do mesmo lote de munição.
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Lote é o mesmo de parte das balas utilizadas na maior chacina do Estado de São Paulo, em 2015, e também nos assassinatos de 5 pessoas em guerras de facções de traficantes em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
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Polícia acredita que assassinos observaram Marielle antes do crime porque sabiam exatamente a posição dela dentro do carro. Vereadora estava sentada no banco traseiro – algo que não costumava fazer – e o veículo tem vidros escurecidos.
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Cinco das 11 câmeras de trânsito da Prefeitura do Rio que estavam no trajeto de Marielle estavam desligadas.
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A investigação ganhou um reforço de 5 promotores, a pedido do responsável pelo caso.
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Vereador e ex-PM miliciano são citados por testemunha.
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Dois homens são presos suspeitos de envolvimento no caso.
DELAÇÃO
Quase dois meses após o crime, uma publicação do jornal O Globo deu indícios do que pode ter sido a articulação para matar Marielle. A reportagem mostrou que uma testemunha deu à polícia novas informações que implicaram no crime o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM e miliciano Orlando Curicica.
A testemunha – que integrava uma milícia na Zona Oeste do Rio e foi aliado de Orlando – contou à polícia ter testemunhado uma conversa entre Siciliano e o miliciano na qual os dois arquitetaram a morte da vereadora. A motivação para o crime, segundo a testemunha, seria a disputa por áreas de interesse na região de domínio de Orlando.
"Ela peitava o miliciano e o vereador. Os dois [o miliciano e Marielle] chegaram a travar uma briga por meio de associações de moradores da Cidade de Deus e da Vila Sapê. Ela tinha bastante personalidade. Peitava mesmo", revelou a testemunha, de acordo com o jornal.
Tanto Siciliano quanto Orlando negam que tenham planejado a morte da vereadora. No mês seguinte à publicação de O Globo, o miliciano foi, a pedido da Segurança Pública do RJ, transferido para uma unidade prisional de segurança máxima.
RESUMO DA DELAÇÃO
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08/05 - Testemunha diz que Marcello Siciliano (PHS) e Orlando de Curicica queriam Marielle morta.
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Motivação seria avanço de ações comunitárias da vereadora na Zona Oeste.
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Conversas sobre o crime teriam começado em junho de 2017.
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Ex-aliado de Orlando citou, além de Siciliano e o miliciano, outras quatro pessoas.
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Homem chamado "Thiago Macaco" teria levantado informações sobre Marielle.