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16/11/2018 às 10h57min - Atualizada em 16/11/2018 às 10h57min

Na saúde e na doença! Mulher larga tudo para cuidar do marido que recebeu 1º coração artificial no ES

O primeiro implante de coração artificial foi realizado no Espírito Santo em setembro de 2018

Folha Vitória
"Na saúde e na doença". A frase é repetida por milhares de pessoas no mundo inteiro. Homens e mulheres que prometem estar ao lado do companheiro(a) em quaisquer circunstâncias. Amar é conseguir abrir mão para dar-se ao outro quando preciso, é estar presente para acalentar nos momentos difíceis. Amar é fazer com que o outro saiba que pode contar no momento mais delicado da vida. E além de tudo, o amor cura!
 
Cléa Lopes é esposa de Silvestre Pereira da Silva. Ele recebeu o primeiro transplante de coração artificial realizado no Espírito Santo em setembro deste ano, após sofrer quatro infartes. Sem pensar duas vezes, ela largou tudo para estar ao lado dele. 
 
“A mulher largou a vida dela para cuidar de mim. Se não fosse por ela, teria sido muito mais difícil. Você ficar dentro de um quarto de UTI preso durante meses, não é fácil. Ela largou tudo e veio ficar comigo. Parou a vida dela para cuidar de mim”, contou Silvestre.
Silvestre teve quatro infartes: 2016,  2017, em março de 2018 e o último em junho do mesmo ano. O homem de 56 anos, que é de Petrópolis, no Rio de Janeiro, fazia negócios no Espírito Santo e foi atendido na emergência de um hospital no município da Serra. Cléa chegou a pensar que iria perdê-lo.  "Foi muito difícil. Nós morávamos em Petrópolis, e ele veio à Vitória vender um automóvel. Chegando aqui, me ligou dizendo que estava hospitalizado. Falei com nossas filhas que provavelmente ele teria infartado novamente. Chegou um momento que disse para elas comprarem passagens aéreas para que organizássemos o velório”. 
 
A notícia de que a situação de Silvestre era complicada deixou a família desesperada. "A equipe disse: 'a partir de hoje o Silvestre não responde mais por ele mesmo. A situação dele é gravíssima. Ele vai precisar passar por uma cirurgia cardíaca e vocês terão que se adaptar a vida nova que ele terá a partir de agora'. Depois dessa notícia, disseram que ele teria que colocar um dispositivo, já que o ventrículo esquerdo praticamente não funcionava e o direito estava comprometido. A equipe disse que o coração dele funcionava menos de 20%. Isso foi uma surpresa para mim e para nossas filhas. Ficamos muito assustadas", disse Cléa.
 
Mesmo com restrições, Silvestre acredita que tudo é uma questão de adaptação. "Sempre fui uma pessoa independente e viajei o Brasil inteiro. E quando a gente percebe que temos restrições, muda um pouco, mas essa é a minha realidade agora e preciso me adequar a isso". 


 
Silvestre deve receber alta hospitalar até o fim de novembro. "Ele deve receber alta na próxima semana. É bem gratificante! A equipe é muito guerreira e trabalhou incansavelmente no caso. Acompanhei tudo de perto e o estado dele era muito grave. Foi assustador, mas hoje estamos muito felizes e quase indo para casa. Agora, vida que segue e vamos comemorar o Natal de um jeito muito especial este ano", disse Cléa. 
 
Aos poucos, a vida vai voltando ao normal. "Tomando todos os cuidados, vou voltar a viver a minha vida normalmente. No momento estou um pouco fragilizado, mas vou voltar a caminhar e vou poder andar de bicicleta se quiser. A única coisa que não vou poder fazer é ir à praia ou piscina, só vou para olhar mesmo. Mas para quem não conseguia mexer nem o dedo, isso é demais. Tenho fé em Deus! Ninguém acreditava que eu fosse sair dessa"
 
O aniversário de 56 anos de Silvestre foi comemorado no hospital. "Foi feita uma campanha de oração muito forte no hospital, e fui tratado desde o início com muito carinho, e isso ajuda na recuperação."
 
O homem do coração de R$ 1 milhão
 
O equipamento é o mais moderno do gênero no mundo, e a cirurgia aconteceu em setembro de 2018 em um hospital no município da Serra. Só o aparelho custou R$ 1.2 milhão, custeados pelo plano de saúde de Silvestre. "A turma brinca comigo dizendo que sou o homem do coração de R$ 1 milhão", contou aos risos.
 
A tecnologia foi liberada no Brasil no final de 2017, e o primeiro implante aconteceu em março em São Paulo. Silvestre é o 6º brasileiro com o coração artificial. A cardiologista Fernanda Bento, responsável por cuidar da recuperação de Silvestre explicou que o coração artificial fica ao lado do órgão natural e funciona como uma 'bomba' para ajudá-lo a bater. "Esse coração artificial bombeia o sangue que vem do coração para jogar para o corpo. É uma bomba de fluxo contínuo, e o paciente vai melhorando de toda a insuficiência cardíaca". 
 
Quando Silvestre chegou ao hospital no dia 25 de junho de 2018, estava sentindo fortes dores no peito, e recebeu o diagnóstico de infarto. Ele foi submetido a um cateterismo. O coração já havia sofrido outros infartos e, desta vez, piorou após o último. Silvestre continuou sentido dores e falta de ar, mesmo após o cateterismo. Foi quando passou a contar com um balão intra-aórtico – um dispositivo de assistência circulatória mecânica temporária – para facilitar a função de bomba do coração. 
 
O implante foi realizado no dia 14 de setembro de 2018, pelas equipes de cardiologia e cirurgia vascular, chefiadas, respectivamente, pela Drª. Fátima Cristina Pedroti e pelo Drº. Schariff Moysés.
 
De acordo com Assad, o dispositivo feito de titânio e com tecnologia americana, é o que há de mais moderno no suporte circulatório de longa permanência hoje. Lançado há aproximadamente quatro anos e liberado no Brasil há pouco mais de um ano, este equipamento foi implantado pela primeira vez no país em março, no Hospital Sírio-Libanês, e pela primeira vez no Espírito Santo. “Ele não substituiu o coração do paciente, foi implantado ao lado do coração de Silvestre e tem o objetivo dar assistência na distribuição do sangue oxigenado para o restante do organismo. Por isso, ajuda a garantir o bombeamento adequado do sangue em pacientes com insuficiência cardíaca”, explicou Assad.
 
O equipamento conta com um cabo que sai do corpo do paciente, através de uma pequena abertura na barriga, e está conectado a um outro dispositivo, semelhante a um celular, com visor e bateria, por onde paciente pode acompanhar a funcionalidade do equipamento e receber alertas diversos, como, por exemplo, sobre a carga da bateria. O paciente tem uma técnica de proteção para tomar banho sem molhar a engrenagem e não pode mergulhar.
 
Os médicos explicam que o próprio paciente é quem faz as trocas da baterias que tem duração entre 6 a 12 horas. A bateria fica do lado de fora do corpo e anda com ele o tempo todo. Segundo Assad, a durabilidade média do dispositivo é de até 12 anos, mas ainda não se sabe por quanto tempo Silvestre utilizará o equipamento. “É difícil prever o tempo de resposta mas, em geral, seis meses após o implante, o paciente já apresenta alterações. Nos próximos anos, iremos acompanhar a adaptação do Silvestre ao equipamento. Pode ser que seu problema de pressão pulmonar seja corrigido e que ele tenha condições de, futuramente, receber um transplante de coração”.
 
Por nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou na tarde de quarta-feira (14), que a implantação do procedimento no SUS depende da definição do Ministério da Saúde, não havendo previsão do fornecimento de transplantes artificiais na rede pública de saúde.


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