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01/08/2018 às 09h04min - Atualizada em 01/08/2018 às 09h04min

Em diálogo promovido pelo PSL, Bolsonaro e aliados discursam por mais de uma hora em Vitória

Bolsonaro seguiu o roteiro com o qual está habituado, usando como exemplo o Estado de Israel e criticando a urna eletrônica

Folha Vitória
Encontro promovido pelo partido aconteceu no Clube Álvares Cabral Foto: Alex Pandini / Folha Vitória

No Clube Álvares Cabral, em Vitória, o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato a presidência pelo PSL e aliados discursaram por mais de uma hora, no que foi chamado de diálogo pela direção do evento. Bolsonaro chegou às 18h ao aeroporto de Vitória, e seguiu em carreata sobre um mini-trio elétrico, onde antes já havia falado ao público e repetido polêmicas anteriores.

Além de centenas de simpatizantes à candidatura de Bolsonaro, estavam presentes o senador capixaba Magno Malta (PR), o presidente nacional do PSL, deputado federal Gustavo Bebbiano, e a liderança estadual do partido, também deputado federal, Carlos Manato. 

Pré-candidato ao Palácio Anchieta pelo partido de Bolsonaro, Coronel Foresti também acompanhou a fala do presidenciável ao lado da vice, Adriana Bôas, além do pré-candidato ao Senado, o empresário Marcos Guerra.

Os assuntos preferidos

No Espírito Santo, Bolsonaro seguiu o roteiro com o qual está habituado, usando como exemplo o Estado de Israel e criticando a decisão da procuradora-geral da República Raquel Dodge contra o voto impresso, na fala do pré-candidato: "ouso dizer que com o voto impresso liquidaríamos a fatura no primeiro turno".

Por outro lado, o político buscou amenizar declarações que o estigmatizam como homofóbico, racista, machista e misógino, culpando "eles", sem apontar um interlocutor específico, que "querem jogar uns contra os outros". Ao mesmo tempo, o pré-candidato reafirma posições contra o que aborda como "ideologia de gênero nas escolas", como o kit gay, por exemplo.

Entre críticas à urna eletrônica, Bolsonaro também apontou a necessidade do acesso à ciência e tecnologia para qualificação do jovem brasileiro. 

Fundap

Quando o senador Magno Malta (PR) se empolgou no discurso no Álvares Cabral, pediu a Bolsonaro que trouxesse de volta o Fundap. Bolsonaro disse que o faria em homenagem ao general Ernesto Geisel - presidente militar que instituiu o fundo de incentivo à exportação. No entanto, durante a entrevista coletiva que se sucedeu ao evento, o pré-candidato disse que não poderia discorrer sobre o assunto para não caracterizar propaganda antecipada.

Educação militar

Ele também defendeu a criação de escolas militares, e disse que "onde não tem um colégio militar, o terá até o final do segundo ano", referindo-se a um possível mandato dele.

No discurso, Jair Bolsonaro também teceu críticas ao debate sobre identidade de gênero nas escolas. "Chega de filme de sacanagem nas escolas em nome da diversidade", disparou. E também disse que vai abolir o ensino do uso de métodos contraceptivos. "Quem decide sobre sexo é o papai e a mamãe", afirmou. Ele disse ter em mente a possibilidade de colocar um militar à frente do Ministério da Educação. "Ninguém quer saber de jovem com senso crítico, a escola tem que ensinar química, física, matemática", sentenciou.

Coletiva confusa

Após o evento, Jair Bolsonaro respondeu às perguntas dos jornalistas, numa entrevista coletiva complicada, onde os repórteres tiveram que se acotovelar junto aos inúmeros simpatizantes, que em muitos momentos interromperam e tentaram conduzir as perguntas feitas pelos profissionais.

Lamarca

Na coletiva, Bolsonaro reafirmou o que dissera na entrevista de segunda-feira ao Roda Viva da TV Cultura, que, mesmo aos 16 anos, participou do cerco ao capitão Lamarca no Vale do Ribeira, em São Paulo. Lamarca abandonou o exército para lutar na guerrilha e acabou morto na Bahia no ano de 1971. "Eu estava lá quando houve tiroteio em praça pública. Eu trabalhava tirando palmito no mato, conversava muito com o pessoal do exército e tive essa participação naquela época", disse. A informação foi taxada de fake news pela Folha de São Paulo.

Negros

Outra fala polêmica feita na TV Cultura foi reafirmada. Com relação ao período da escravidão no Brasil, Bolsonaro disse à emissora paulista que "os portugueses nem pisavam na África, foram os próprios negros que entregavam os escravos". Questionado em Vitória sobre a afirmação, irritou-se e respondeu que "isso é história, eram guerras entre tribos que faziam prisioneiros e os vendiam".

Político profissional e Previdência 

Bolsonaro se irritou em vários momentos e não permitiu que as perguntas fossem contextualizadas. O Folha Vitória fez duas perguntas. Na primeira, se não considera incoerência negar a política sendo um deputado de sete mandatos. Em resposta, afirmou não negar a política em seus discursos, mas sim os maus políticos. "Alckmin agora garantiu ao Paulinho da Força que vai voltar com o imposto sindical, é isso que eu critico", respondeu. Em seguida, o presidente do PSL no ES, Carlos Manato, ameaçou encerrar a entrevista, caso não fossem feitas perguntas que permitissem discorrer sobre as propostas e ideias do presidenciável.

A segunda pergunta do Folha Vitória - que encerrou a coletiva - foi sobre a opinião dele quanto ao corporativismo que prejudicou o aprofundamento da reforma da previdência, preservando os militares e os servidores públicos federais, por exemplo. De acordo com estudo do economista Fabio Giambiagi, se a reforma da Previdência não for realizada, os gastos com aposentadorias, pensões e benefícios sociais do INSS para quem trabalha na iniciativa privada vão sair de R$ 649 bilhões em 2018 para R$ 876 bilhões em 2026. 

Bolsonaro interpretou a pergunta como sendo direcionada apenas aos militares, e disse que "se você quiser colocar os militares ganhando o teto da previdência eu topo, mas vamos dar pra eles todos os privilégios do artigo 7º da Constituição, inclusive direito à greve. O problema da previdência maior é o da previdência pública". O Folha Vitória insistiu querendo saber qual é então a proposta para o tema, mas Bolsonaro se levantou, dizendo que não daria para explanar sobre a proposta em virtude do tempo, agradeceu e encerrou a coletiva.  

Agenda

O presidenciável continua no Espírito Santo até esta quarta-feira, quando se encontra com empresários pela manhã, às 9h, na sede da Fecomércio, e policiais militares e população à tarde, às 13h, no Clube dos Oficiais. O retorno de Bolsonaro ao Rio de Janeiro está previsto para as 16h.


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