Depois da nova configuração eleitoral surgida a partir da desistência do governador Paulo Hartung (MDB) de disputar a reeleição, o blocão formado por dez partidos da base aliada entrou definitivamente em extinção esta semana. Melhor para o ex-governador e pré-candidato do PSB ao governo, Renato Casagrande, que se tornou favorito nas pesquisas e atraiu o interesse de muitos "órfãos" de Hartung.
Enquanto o PSD de Neucimar Fraga, um dos mais fiéis aliados hartunguistas, anunciou independência para buscar uma solução que atenda aos interesses do partido, o PRB de Amaro Neto (pré-candidato ao Senado) flerta com a pré-candidatura de Rose de Freitas (Podemos).
PSDB, PDT e DEM com Casagrande
Outro partido chave da antiga base de Hartung é o PSDB, que, de acordo com uma fonte do Folha Vitória, está prestes a fechar com Renato Casagrande. E mais: numa coligação para federal com o PDT e DEM. Nesse arranjo, trabalhariam em conjunto as candidaturas de Ricardo Ferraço ao Senado, César Colnago, Sérgio Vidigal e Norma Ayub à Câmara dos Deputados. Não há conversas sobre uma possível "perna" para a Assembleia Legislativa. O convite a Ricardo Ferraço foi feito no último sábado (14), por intermédio de um aliado do PSB, o deputado federal Marcus Vicente (PP). Indagado, Vicente confirmou ter feito a ponte, mas disse que ainda não obteve uma resposta.
Renato Casagrande não confirma nenhuma conversa "institucional", garante que vai preservar a relação com os aliados de primeira hora (PPS, PHS, PTdoB, PV), mas diz haver no PSB capacidade de diálogo com todos. "É importante preservar os partidos que estão conosco desde o início, e vamos evoluindo as conversas buscando soluções para ampliar alianças, sempre estivemos abertos ao diálogo".
Sobre a possível ida de Ferraço para o grupo, o que congestionaria o número de candidaturas ao Senado, Casagrande diz não querer "antecipar o problema, mas, se acontecer, será um problema bom para resolver".
Palanque para Alckmin
O presidente do PSB estadual, Luiz Carlos Ciciliotti, acredita que, caso realmente ocorra, a costura será uma forma do PSDB garantir, na campanha de Ricardo Ferraço ao Senado, um palanque no estado para o candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmim.
Em nível nacional, o PSB e o PDT de Ciro Gomes costuram uma aliança, mas o apoio do PSB ainda não está definido. Há, inclusive, uma corrente defendendo a neutralidade no processo. Ciciliotti não vê problema caso os apoios nacionais dos partidos sejam divergentes. "Não interfere no plano local", afirma.
Bom para (quase) todos
Se acontecer essa costura (como tudo indica que vai), não só o PSDB e o PDT estarão contemplados. O presidente estadual do PPS, sigla que também caminha com Alckmin no plano nacional, Fabrício Gandini, vê o movimento com bons olhos. "Acho que trazer o Ricardo Ferraço para a coligação será interessante para o PPS, pois temos indicativo de apoio a Alckmin".
Bom também para o DEM, devido à relação de Ricardo com o pai, o deputado estadual Theodorico Ferraço, e pelo fato de que a união dá uma "vitaminada" na campanha à reeleição da presidente do DEM no ES, Norma Ayub (esposa de Ferração), à deputada federal.
A costura PSDB/PDT/DEM só não é boa para o PT, pois tem como componente a ruptura do PDT com os petistas. Cada vez mais isolado nas proporcionais, o PT cogita apoiar Casagrande independente de ter ao lado o arquirrival histórico PSDB.