A promotora de vendas Cristiane Cardoso saiu de Nova Almeida, na Serra, para levar o filho de 8 meses a uma consulta com especialista em cardiologia, marcada há meses.
O atendimento estava agendado para as 11h, mas Cristiane foi surpreendida por um aviso de suspensão do atendimento das 10h45 até o horário do fim do jogo do Brasil.
"Eu e várias outras mães chegamos com antecedência, mas na recepção fomos informadas de que tínhamos que esperar uma confirmação da médica. Colocaram uma placa na entrada, dizendo que iam suspender o atendimento para o jogo, e nos trancaram para o lado de forma até o final da partida", relatou Cristiane, indignada.
Ainda em fase de amamentação, a promotora de vendas contou que, do lado de fora, ela e outras pessoas não tinham acesso a banheiro, nem água.
Até as 14h, Cristiane seguia no local à espera de atendimento, já que a médica que atenderia seu filho ainda não havia chegado ao hospital.
"E se eu não tivesse dinheiro para comprar água durante esse tempo? Eu amamento. Isso é um absurdo. Na recepção, disseram que foi ordem da direção que deixassem fechado", desabafou.
A diretora do Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha, Patricia Gamboa, alegou que o atendimento no hospital foi priorizado no pré-jogo e no pós-jogo.
Ela disse que a decisão foi de que as consultas de 11h começassem a partir das 13h30.
Questionada sobre os pacientes terem sido avisados com antecedência ou não, Patrícia disse que, às 9h30, a secretária do ambulatório passou comunicado para quem estava esperando.
"Lamentamos o transtorno, realmente, mas essa mãe não vai perder o atendimento", disse.
Patrícia ainda afirmou que não tinha conhecimento de que o público teria sido deixado do lado de fora do hospital durante o jogo.
A diretora disse que a orientação à equipe do hospital havia sido justamente o contrário, para que os pacientes fossem acolhidos.
"No ambulatório tem um televisor e poderiam ter feito esse acolhimento. Tudo estava preparado para funcionar dessa forma, já que os médicos também não fecharam a agenda, mesmo com ponto facultativo decretado. Vamos verificar o que aconteceu".
Às 14h50, a reportagem voltou a falar com a Cristiane e ela não havia sido atendida.