Mais de dez milhões de brasileiros são surdos ou têm deficiência auditiva. É o que estima o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma multidão de pessoas que não são alcançadas pelos conteúdos em vídeo publicados diariamente nas redes sociais, em sites corporativos e em propagandas. Marcas já começaram testar a acessibilidade para incluir, envolver e engajar esse público de consumidores.
Estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda aponta que, dos surdos brasileiro, 54% são homens e 46% são mulheres. Nove por cento das pessoas com deficiência auditiva nasceram com essa condição e 91% adquiriram ao longo da vida. Entre os que apresentam deficiência auditiva severa, 15% já nasceram surdos. Do total pesquisado, 87% não usam aparelhos auditivos. São milhões de brasileiros que estão na cadeia de consumo e têm dificuldades de receber informação.
Na televisão, o closed caption foi uma das soluções de inclusão de deficientes auditivos e surdos, mesmo quando os produtos não têm legenda. No online, assistentes virtuais podem ajudar a traduzir, mas no quesito comunicação, há ainda muito campo para inovação, como o uso da janela de Língua Brasileira de Sinais (Libras). No fim de 2020, a Coca-Cola Brasil lançou a primeira campanha exatamente com essa ferramenta. Redes de hipermercados como Extra e Carrefour também fazem uso em algumas campanhas.
“Quando se fala em comunicação inclusiva, é possível que se associe a algo separado do conteúdo tradicional e padrão, mas ambas podem andar em conjunto. Quanto mais pessoas receberem a mensagem, mais o conteúdo é disseminado. Envolver esse público enorme é importante e urgente. Todos merecem ser incluídos como sociedade”, entende o cineasta Luis Debiasi.
A Federação Mundial dos Surdos aponta que 80% dos surdos de todo o mundo têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização. No Brasil, muitos não têm boa compreensão do português e dependem exclusivamente da língua de sinais para se comunicar, se informar e se divertir. Com foco nisso, o cineasta criou uma startup focada em ajudar no processo.
“O Libras.se se propõe a traduzir para Libras qualquer conteúdo em vídeo em 24 horas. A legenda e a audiodescrição podem até contribuir, mas não levam o conteúdo a toda a população surda ou deficiente auditiva. Libras é uma língua reconhecida por lei e direito de milhões de brasileiros. Investir em acessibilidade significa contribuir diretamente para uma sociedade respeitosa e inclusiva”, entende.