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24/08/2016 às 11h21min - Atualizada em 24/08/2016 às 11h21min

Polícia realiza mega operação no assentamento do MST, em Presidente Kennedy

A operação bem cedo, o objetivo evitar conflitos sangrentos entre assentados e fazendeiros

Por Luciana Maximo - Espirito Santo Notícias
(Foto: Luciana Máximo)

Mais de 200 policiais civis, militares, federais, do Grupo de Operações Táticas – GOT, do Batalhão de Operações Especiais, BME, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente de Cariacica, do Núcleo de Repreção as Organizações Criminosas – Nuroc, cães farejadores, um helicóptero e cinquenta viaturas realizaram na manhã de hoje, uma operação no Assentamento “José Marcos de Araújo Santos”, na comunidade de São Bento, em Presidente Kennedy. O objetivo cumprir mandados de apreensão e evitar futuros conflitos sangrentos.

Durante a operação, duas pessoas foram presas dentro de um assentamento de sem terra na localidade de São Bento, e três armas, sendo um revólver que estava de posse de um fazendeiro e duas espingardas encontrada em uma das casas no Assentamento.

De acordo com o delegado da Polícia Civil, Djalma Pereira, a operação foi motivada pela dificuldade em apurar uma série de crimes que ocorria na região. “O foco dessa operação foi evitar o acirramento de ânimos entre os sem terra e os fazendeiros, assim como entre fazendeiros e sem terras. A situação lá já estava partindo para violência e a policia sentindo-se coagida para entrar no acampamento. Motivo pelo qual nós precisamos montar um aparato policial para evitar fazer uso de força, ou qualquer violência arbitrária, mas também, mostrar a policia está presente e não vai deixar a coisa se descambar para o nível da barbárie”, ressaltou o delegado.

O delegado informou que há vários anos vem ocorrendo conflitos no assentamento, roubo de gado, matança de animais das fazendas, “por fim os assentados até o caminhão do INCRA que levava alimentos para eles foi alvo de roubo. Eles roubaram a própria carga de alimentos que era distribuída para eles e para os outros assentamentos, eles pegaram a carga toda”.

Recentemente, frisou Djalma houve um homicídio no local. “Essa operação já havia sido requerido ao juízo desde o início do ano. O juiz determinou que fosse feita essa busca para desarmar a turma e tentar dissuadir qualquer violência que pudesse descambar. Nós temos que evitar. A intenção da operação é justamente demonstrar que o Estado está presente no local”.

No total, foram revistadas 65 casas dentro do assentamento e mais cinco residências de fazendeiros no entorno. “Não existe local inacessível para a polícia, mesmo com todo o aparato de segurança, de vigilância que os sem terra usam, como foguetório, vigilantes, nós vamos estar presentes e não vamos admitir que nenhum local fique sem a segurança do estado”. 

De acordo com o delegado de Itapemirim, o segurança do proprietário da fazenda onde está o assentamento, J.C.C., 51 anos, foi conduzido à delegacia e com ele apreendido um revólver. Já com o assentado, G.L.J., 26 anos, foi conduzido com uma espingarda.  

Ainda de acordo com o delegado, todos os assentados foram cadastrados. “Avalio como 100% de sucesso. Conseguimos identificar e cadastrar todos os moradores do assentamento. A partir de agora em caso de investigação já sabemos a quem nos dirigir. Até as pessoas do assentamento estavam fugindo com medo de um grupo que estava assumindo lá”, disse. 

Os conduzidos
Duas pessoas que assumiram a posse das armas foram ouvidas e autuadas. A terceira foi ouvida como testemunha, já que não residia na casa onde foi localizada uma das armas. “Nesse caso pagarão fiança e ficarão a disposição do juiz. O processo será encaminhado para o juiz de Cachoeiro de Itapemirim que faz o juízo de custódia, porque Kennedy pertence à comarca de Cachoeiro. Se o juiz chancelar a fiança continuarão e liberdade”.

Salientou o delegado que, a apreensão das três armas já é um saldo positivo. “Essas armas não poderão mais voltar para as mãos deles”. 

Clima tenso no assentamento
O clima no assentamento é tenso e várias circunstâncias já foram registradas pela polícia no local. Em 2014 cinco trabalhadores sem terra foram presos por depredar a fazenda. Na época deu confusão, mais de 100 trabalhadores cercaram a delegacia de Kennedy. Por isso, os presos foram levados para Itapemirim dessa vez.

Em 2012, um fazendeiro foi acusado de lançar produto agrotóxico contra trabalhadores. Na ocasião, uma mulher grávida chegou a perder o filho e os trabalhadores afirmam que foi por causa do agrotóxico.

No dia 3 de agosto de 2015 o trabalhador rural José Batista da Silva de 54 anos foi morto próximo ao acampamento. O delegado disse que o crime pode estar relacionado.


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